QUEREMOS UMA POLÍTICA LIMPA!
A figura do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido pintada em diversos tons, que
variam da idolatria à demonização. Com sua trajetória de vida, do garoto que -
nas palavras da jornalista Denise Paraná - foi criado "como num
rebanho" ao presidente chamado de "o cara" por Barack Obama.
Lula encarna a imagem de um homem vitorioso. Entretanto, a sua história e sua
recente prisão devem ser enxergadas com equilíbrio e racionalidade, deixando de
lado as paixões vulcânicas que inviabilizam uma leitura coerente dos fatos.
Inegavelmente,
ocorreram avanços sociais durante os governos Lula. Na educação, milhares de
jovens tiveram acesso ao ensino superior através de programas como o ProUni e o
Sisu. O ensino técnico foi valorizado por meio do Pronatec e dos institutos
federais que se espalharam pelo Brasil. Além disso, houve redução nas taxas de
desemprego e pobreza, enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) registrou uma
média de crescimento de 2,9% ao ano. O valor do salário mínimo aumentou cerca
de 9% anualmente durante o mesmo período.
Porém, a
condenação de Lula não foi por causa do seu desempenho como presidente. O
petista tornou-se alvo da Operação Lava Jato por suspeitas relativas a um
tríplex no Guarujá (SP) e um sítio em Atibaia. Nas investigações, constatou-se
que ele foi beneficiado com R$ 3,7 milhões para a compra e reformas do tríplex.
Mesmo com direito a ampla defesa, Lula foi condenado a 12 anos e 1 mês de
prisão por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Além disso, o petista
ainda responde por quatro tipos de crime em outros seis processos judiciais -
corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e tráfico de
influência. As investigações apontam mais de 3 mil evidências contra o líder do
Partido dos Trabalhadores.
No ato
realizado no sábado (7), antes de entregar-se à Polícia, o ex-presidente
afirmou que não é "um ser humano, mas uma ideia". As palavras servem
apenas como retórica política, significando uma visão de mundo e um jeito de
governar. No palanque com Lula, estavam outros dois pré-candidatos à
presidência: Guilherme Boulos (Psol) e Manuela D'Ávila (PCdoB). Pode-se afirmar
que, de certa forma, o ex-torneiro-mecânico estava "passando o
bastão" da hegemonia da esquerda para os dois líderes jovens. O petista
sabe que, de acordo com a Lei da Ficha Limpa, poderá ficar inelegível por até
oito anos após o cumprimento da pena. Assim sendo, ele é obrigado a passar mais
de duas décadas longe das disputas eleitorais - quando já estaria com 92 anos
de idade. Se assim ocorrer, estamos diante do ocaso político de uma das maiores
lideranças deste país.
A condenação do
ex-presidente mostra o cumprimento do artigo 5º da Constituição Federal, de que
"todos são iguais perante a lei". Ou seja, que Lula é mais um ser
humano, como todos nós, que não se encontra acima da lei. Esperamos, portanto,
que o mesmo princípio se aplique também a outros políticos que estão sendo
alvos de investigações. Queremos uma política limpa em nosso país, com homens e
mulheres que pensem no bem comum e na promoção da justiça.
Fica a
reflexão. Esteja atento à próxima edição da coluna Hora da Cidadania, que é
divulgada todas as segundas-feiras. Você pode dar sugestão de temas, fazer
críticas e elogios através do e-mail: ericklessa04@gmail.com.