SUICÍDIO: A DOR QUE NINGUÉM VIU!
O Brasil não é um país que ocupa os primeiros
lugares no ranking de suicídios no mundo, porém, os números têm crescido
assustadoramente em nossa nação. O Ministério da Saúde aponta que um suicídio
acontece no Brasil a cada 45 minutos. Entre 10 suicídios, 9 poderia ser evitado
se a profilaxia adequada fosse realizada. Em meio aos países que registram
aumento segundo os dados enviados para a Organização Mundial de Saúde, o Brasil
se encontra em posição de destaque, com aumento de 60% dos casos nos últimos
anos.
O professor do Departamento de Psicologia Médica e
Psiquiatria da Unicamp, um dos maiores especialistas no assunto, o psiquiatra
Neury Botega, diz: “O Brasil é uma sociedade em ebulição. E sabemos que os
números de suicídios aumentam em sociedades com crise política e econômica”. Se
avaliarmos o contexto social da atualidade, conseguimos compreender com
exatidão a afirmativa feita por Botega. O suicídio abrange diferentes faixas
etárias e condições sociais, como por exemplo, o caso ocorrido no último mês em
Recife de uma criança de apenas 9 anos. Onde, após jantar com a família, a
criança foi encontrada enforcada no quintal com um fio que há muitos anos
segurava uma parreira. A Polícia Civil de Pernambuco investiga se a morte está
ligada a um desafio que circula via WhatsApp.
Inúmeros fatores podem contribuir
significativamente para que essas mortes aconteçam. Crises econômicas, culturais,
emocionais e até espirituais. Vivemos uma real crise em nossa nação, que
ultrapassa os aspectos financeiros. Uma verdadeira crise existencial. Onde os
sujeitos que compõe a sociedade, atuam em uma busca incessante para atender os
padrões exigidos, perdendo ao longo do tempo suas bases solidas de sustentação.
Talvez a busca constante de aceitação, aonde o ter sobressai o ser, seja um
forte contribuinte para isso.
A "Organização Mundial de Saúde" (OMS)
define a saúde como "um estado de completo bem-estar físico, mental e
social e não somente ausência de afecções e enfermidades". Se refletirmos
esse conceito, veremos o quão ainda estamos em estado patológico e o quão falta
alcançar a condição de estar saudável. É necessário que venhamos a debater mais
essa temática em nosso ciclo social e familiar, para que possamos auxiliar o
máximo de pessoas que estejam passando por estado de vulnerabilidade para o
suicídio. Assim como pais, educadores, pessoas que exerçam influencia sobre a
vida de crianças e adolescentes também dialoguem e estejam atentas aos sinais
que os mesmos possam apresentar.
Além disso, está disponível um serviço de extrema
importância, o Centro de Valorização da Vida (CVV), que atua na prevenção ao
suicídio, através do número 188, em Pernambuco. O serviço de suporte emocional
funciona sem restrição de dia e hora, inclusive nos feriados. Além do telefone
188 (ou 141 em algumas regiões), o CVV oferece atendimento pessoalmente nos 85
postos de atendimento e também na internet, através de chat, e-mail e Skype, no
site da instituição. Precisamos entender que o suicídio é um ato de
comunicação. A pessoa comunica em morte o que ela não consegue comunicar em
vida.
Essa é minha opinião de mulher! Participe conosco
enviando suas dúvidas, questionamentos e sugestões para
dra.nayarasousa@hotmail.com.