A “VIA CRÚCIS” DO PARTO
Na manhã dessa
quarta-feira (4), pacientes que são atendidas no Centro Integrado de Saúde
Amaury de Medeiros (Cisam), fizeram uma denúncia de superlotação no serviço.
Grávidas estariam dormindo no chão da triagem do hospital. Esse setor é
destinado para recepcionar as mulheres e classificar de acordo com suas
necessidades de atendimento. O fato é que, a unidade encontra-se em
superlotação, sem estrutura para atender a demanda e estaria improvisando esse
tipo de internamento, já que as pacientes estão em início de trabalho de parto.
Em entrevista,
o diretor do hospital Olímpio de Moraes Filho, relata que essa realidade
insiste em perdurar e que isso é um reflexo do problema da rede pública de
saúde na área obstétrica. “É um drama crônico” declarou. O mesmo buscou suporte
junto a central de regulação responsável por regular os partos em Pernambuco,
mas outras unidades também estão sem vagas. Além de dificuldade de
infraestrutura, faltam recursos humanos. O quantitativo que compõe o quadro
para assistência obstétrica está defasado na maioria das unidades que prestam
esse serviço.
Um problema que
cresce descontroladamente. Como um ciclo vicioso, os municípios não favorecem
esse tipo de atendimento, as gestantes são encaminhadas para os centros de
referência, onde esses superlotam e não conseguem prestar o atendimento que
deveria ser exclusivo para o Alto Risco. Em 2017, por exemplo, os municípios de
Paulista, Igarassu, Itamaracá, Itapissuma, Araçoiaba e Moreno, não realizaram
nenhum parto em hospitais da rede municipal.
Uma pesquisa
realizada pelo Conselho Federal de Medicina aponta que em cinco anos,
Pernambuco perdeu 136 leitos de obstetrícia. Vivenciamos um verdadeiro caos na
atenção obstétrica. Mulheres continuam peregrinando para parir, e por mais que
existam esforços das equipes que prestam esse tipo de atendimento, o cenário o
torna inviável. A Diretriz Nacional de Assistência ao Parto Normal, trás as
principais condutas de manejo clínico, com prioridade na atenção humanizada e
aponta que a condução do parto deverá trazer a mulher dignidade que o momento
pede. Mas, como desempenhar com qualidade uma assistência em ambientes sem
estrutura física, profissionais e materiais? As Pernambucanas passam por uma
verdadeira “via crúcis” para conseguir parir!
Essa é minha
opinião de mulher! Participe conosco enviando suas dúvidas, questionamentos e
sugestões para dra.nayarasousa@hotmail.com.