ROMPENDO O SILÊNCIO DA DOR
Na ultima
segunda-feira (9), uma mulher de Araçariguama -SP, Jackeline Mota, 31 anos,
usou as redes sociais para denunciar uma agressão que teria sofrido do
ex-marido. Ela postou uma foto do seu rosto ensanguentado com a seguinte
legenda: "Cansei de me calar. Estou aqui na UBS para quem quiser ver. Meu
ex-marido acabou de quebrar meu nariz", escreveu. Após essa postagem e
denúncia, a mesma relatou na rede social a violência sofrida durante 11 anos de
casamento. A motivação da recente agressão seria pela não aceitação do ex ao
novo relacionamento da vítima.
A imagem teve
repercussão nacional e gerou uma grande sensibilização popular. Pessoas do país
inteiro compartilharam os relatos e enviaram mensagens de força a corajosa
vítima, que, cansada de sofrer diferentes tipos de violência ao longo dos anos,
decidiu quebrar o silêncio e buscar ajuda. Em seu desabafo, ela trás um ponto
importantíssimo: nenhuma mulher gosta de apanhar. O medo de efetivar a denúncia
perdura sobre quem passa por situações semelhantes a relatada. Assédio,
exploração sexual, estupro, tortura, violência psicológica, agressões por
parceiros ou familiares, perseguição, feminicídio... Sob diversas formas e
intensidades, a violência contra as mulheres é recorrente e presente em muitos
países, motivando graves violações de direitos humanos e crimes hediondos.
Segundo dados
compilados no Dossiê Violência Contra as Mulheres, do Instituto Patrícia
Galvão, em 2017: Um estupro ocorre a cada 11 minutos. Uma mulher é assassinada
a cada 2 horas. Quinhentas e três mulheres são agredidas a cada hora. Cinco
espancamentos acontecem a cada 2 minutos! “A violência contra as mulheres ainda
acontece todos os dias em todos os países. Temos que entender as causas e saber
o que fazer para eliminá-la. Pôr fim à violência contra mulheres e meninas é um
dos mais importantes objetivos deste século.” Referiu Ban Ki-moon,
secretário-geral da Organização das Nações Unidas.
A violência
contra a mulher muitas vezes inicia sutilmente, com uso de palavras que
diminuem a sua autoestima, em outras situações um tom de voz mais elevado,
apertões, empurrões. E geralmente, seguidos de um pedido de desculpas.
Infelizmente, a culminância desse ciclo, quando não quebrado a tempo, é o
feminicídio. O debate sobre violência e feminicídio tem sido cada vez mais
disseminado em nossa sociedade, devido aos índices elevadíssimos que ainda
temos. Jackeline é apenas mais uma mulher que suportou durante anos o terror de
dormir e acordar com seu agressor. Uma vítima do patriarcado alimentado a séculos
nessa nação. Que as muitas outras “Jackelines” espalhadas por nosso país
encontrem forças e suporte para romper o silêncio da dor!