PROJETO GEMINI
EM 1895 França, no Salão
Grande Café de Paris, uma plateia assustada saia correndo do local ao
presenciarem a primeira exibição pública do cinema, através de uma máquina
chamada CINEMATÓGRAFO, dos irmãos Louis e August Lumieré. O primeiro passo da
fábrica de sonhos estava dado, surgindo assim, o cinema. Como inventores e
fotógrafos, os irmãos perceberam que que ao repetir várias fotos em uma
sequência cadenciada, causava aos nossos olhos, a ilusão de movimento. Foi o
suficiente para dar o start na ideia da imagem em movimento.
A ilusão de movimento na
tela, acontece porque a filmagem é feita em 24 FPS (24 FRAMES POR SEGUNDO)
possibilitando a sensação no olho humano, de movimento das imagens. Passados
alguns anos, a tecnologia avança e temos grandes produções cinematográficas
causando uma verdadeira revolução na indústria do cinema. Jame Cameron causou
furor ao inovar a tecnologia 3D com as imagens do seu filme “AVATAR”; Spielberg
ressuscita magistralmente os dinossauros, em seu “PARQUE DOS DINOSSAUROS”; “O
HOBBIT”, de Peter Jackson, causa uma revolução, ao apresentar uma produção
feita em 48 FPS. E veio a pergunta? Até onde o cinema pode ir? Existe mais
avanço tecnológico neste sentido? Quando se pensava que nada mais poderia
surpreender, temos então em 2019, a chegada de “PROJETO GEMINI”.
Era necessário fazermos essa
introdução com intuito de esclarecermos um pouco da tecnologia mostrada no
filme. Filmado em 120 frames por segundo, com resolução 4k e câmeras especiais
em 3D, algo nunca feito antes na história do cinema, para se aproveitar visualmente
toda tecnologia existente no filme, se fez necessário salas especiais para a
exibição. Nos Estados Unidos, por exemplo, apenas 14 salas puderam exibir com
100% de resolução essa produção dirigida pelo chinês Ang Lee (“HULK”, “AS
AVENTURAS DE PI”). No Brasil, o longa foi projetado em 60 FPS. Algo surreal nos
tempos de hoje.
Mas afinal, o filme é bom? A
história conta que Henry Brogan (Will Smith) é o melhor assassino profissional
do mundo, com uma taxa de sucesso maior do que de qualquer outro, mas, quando
decide se aposentar, acaba se tornando um alvo da Agência de Inteligência de
Defesa dos Estados Unidos, para quem trabalhava anteriormente. Enquanto luta
para se manter vivo, ele se depara com um clone de si mesmo e descobre que as
ações do governo americano são para esconder um grande segredo, que só Brogan,
com toda sua experiência, é capaz de desmascarar. Como vemos, os velhos clichês
estão aqui, desta feita contando com Will Smith fazendo papel duplo, onde um
deles é a sua versão mais jovem, estilo “UM MALUCO NO PEDAÇO”.
A captura de movimentos é
bem feita, não vi nenhum problema nisso. Mas o roteiro, é intragável,
principalmente quando envolve questões paternas, DNA alterado, explicações
desnecessárias, dramas muito mal desenvolvidos. Will Smith não acrescenta em
nada nas duas performances, sem um pingo de sensibilidade, sem exigir muito de
sua interpretação dramática. Suas motivações são literalmente forçadas, levando
o ator a não se esforçar neste quesito. Muito longe do personagem vivido por
ele em “A PROCURA DA FELICIDADE”. Claro, estamos falando de um filme de ação,
mas então, por que insistir num drama totalmente furado na narrativa? Nem mesmo
o Clive Owen consegue convencer como vilão. Uma porta tem mais interpretação do
que sua atuação nesse filme.
A atriz Mary Elizabeth
Winstead faz uma personagem totalmente fora do contexto, numa outra
interpretação preguiçosa, lenta, pobre. Nos causa a sensação de que ela está
apenas lendo o texto que lhe foi entregue. Nem mesmo o ator chinês Benedict
Wong, que fez o Mago Auxiliar do Dr. Estranho no filme, está a vontade com seu
personagem. Não convence em nada sua atuação como grande amigo do personagem de
Smith. Péssimo, mesmo. Para não dizer que não há um personagem pelo menos
“agradável”, vivido pelo ator Douglas Hodge, mas que também desaparece do
filme, momentos depois. Claro, já era esperando diante do que acontece entre
ele e Smith.
“PROJETO GEMINI” não é um
filme de ação como deveria. Sua trama é chata, cansativa, longa. Com atuações
péssimas e um roteiro extremamente previsível. Sem esquecer, há uma revelação
no final do filme que só piora o que já estava ruim. E sem sentido algum. Outra
questão importante, é preciso ser destacada,
como falei da tecnologia do filme, pois essa sim, chama a atenção, a
resolução deste filme está muito boa, servindo como atrativo para se conhecer
essa nova revolução da Sétima Arte. Mas se você quer ver um filme de ação com
Will Smith, passe longe desse.
Programa Clube do Filme
No programa Clube do Filme deste sábado, 09 de janeiro de 2021, segundo programa do ano, às 13h pela Rádio Cultura do Nordeste 96,5 FM/1130 AM, apresentado por Edson Santos e Mary Queiroz , abordará o tema “O DIREITO DE MUDAR”, baseado no filme “A GAROTA DINAMARQUESA”.
Nos estúdios da Rádio, participação de Karynny Oliveira (Doutoranda em Educação e Educadora Feminista), Stephane Fechine da Silva (Fundadora da Associação de Travesti e Transexuais de Caruaru – ATRACA – ) e Jeniffer Mendonça (Psicóloga).
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