Homem-Aranha: No Aranhaverso
Vencedor do Oscar na categoria de Melhor Animação em 2019, foi dirigido
por Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman, é a melhor apresentação do herói, onde
tem Miles Morales como centro de sua história. O jovem, ao ser picado por
uma aranha radioativa da Alchemax e ganhar os mesmos poderes que do Aranha
original, daí ele começa a esbarrar com outras versões do herói de diferentes
dimensões e juntos precisam enfrentar uma ameaça que pode destruir toda a
realidade. Como dá para perceber, a trama é cheia de aventura, acompanhada
com aquela gostosa pitada de drama, já conhecida e apreciada pelos fãs do
Homem-Aranha. A Sony conseguiu alcançar o sucesso já esperado e a fama
desta produção se dá graças a capacidade de se criar algo a partir das
situações inusitadas vividas pelo herói, mostradas em outros filmes que foram
lançados ao longo das décadas e mais ainda porque não exige que o
espectador precise ter conhecimento das HQs para acompanhar o desenrolar dos
fatos.
Homem-Aranha: No Aranhaverso é, na verdade, sobre universos paralelos
que colidiram por causa de um acidente com um acelerador de partículas em Nova
York. Por causa disso, vários Aranhas aparecem no universo de Miles, como um
Peter Parker mais velho (Jake Johnson), Aranha-Gwen (Hailee Steinfeld),
Homem-Aranha Noir (Nicolas Cage), Porco-Aranha (John Mulaney) e Peni Parker
(Kimiko Glenn).
O que mais impressiona é o brilhantismo do roteiro, onde Phil Lord foi
capaz de desenvolver várias subtramas, devido a inclusão destes aranhas
vindo de outras dimensões que incluem uma linha do tempo em que todos possui os
poderes aracnídeos. Sem dúvida, personagens que têm diversas camadas a serem
exploradas ao longo da narrativa. O simples fato de criar camadas diferentes
para personagens ao mesmo tempo tão parecidos, mas que cada um tem sua
singularidade e seu mundo já chama atenção, pois mostra a preocupação em exibir
algo novo na tela e o desenvolvimento de tudo isso é muito divertido. As piadas
aparecem de todas as formas. Algumas são visuais, outras em texto ou ainda como
referências. A profundidade como isso foi nos apresentado foi sensacional
porque aqui eles vão compartilhar as mesmas perdas, os mesmos poderes e os
mesmos desafios e mais ainda, estes heróis precisam se unir para
conter os planos que o Rei do Crime, um vilão super ameaçador. A trama se
completa quando abre espaço para que as discussões sobre inclusão e
representatividade sejam abordadas, demonstrando que qualquer um pode ser um
herói, independente da sua cor, do seu gênero ou de onde for.
Visualmente a produção é uma das mais especiais pois consegue equilibrar
diversos estilos diferentes e que nunca assisti em outros filmes. É sem dúvida
um mundo animado que conta com diversas referências aos quadrinhos com
direito a quadros de pensamentos, introduzidos com uma simplicidade
extraordinária, levando o espectador se imaginar dentro das páginas das HQs. O
interessante é que Miles, Peter Parker e Gwen Stacy, contam com um estilo mais
parecido com esse mundo, mas os outros Aranhas são referências diretas a outros
estilos de animação. O Porco-Aranha é praticamente um desenho dos Looney Tunes
e Peni Parker, a versão japonesa do herói, é uma homenagem constante aos
animes, já o Homem-Aranha Noir, além de ser preto e branco, tira onda com todos
os clichês do gênero, prendendo de vez a atenção do público.
No mais, Homem-Aranha: No Aranhaverso, é uma das poucas animações que
consegue durante todo o tempo apresentar o equilíbrio perfeito entre as cenas
de ação, o humor descontraído e os dramas apresentados numa sintonia fora
do comum. É um filme super profundo, movido pelo ritmo certo e com a mais
gostosa versão da trajetória do Homem-Aranha.
E como sabemos, Homem-Aranha no Aranhaverso se destacou em seu primeiro
final de semana de exibição no Brasil. O filme conseguiu arrecadação de
R$ 10,3 milhões, tendo 599 mil espectadores. São filmes assim que continuam
sendo produzidos e enquanto estiver fazendo dinheiro, ficamos alíviados
por ver que uma animação que se conhece bem o suficiente e entende o que é
legal ser exibido. Energizante, hipnotizador e arrebatador do começo ao fim.