O Samu socorreu todos os feridos levando-os ao Hospital Regional do Agreste. |
Detentos da Penitenciária Juiz Plácido de Souza em Caruaru, realizaram
uma rebelião que teve início as 4 horas da tarde deste sábado (23) após a visita
íntima e só foi controlada as 6 horas da manhã deste domingo (24), após 10
horas de intensa negociação entre os amotinados e a direção da unidade e
resultou numa grande depredação que destruiu parcialmente 15 dos 17 pavilhões
existentes, ficando intactos apenas os pavilhões da disciplina e a cozinha. Os presos
atearam fogo em colchões, feriram onde reeducandos a pauladas e facadas e
mataram seis presos, sendo que três deles tiveram suas cabeças decepadas.
O Secretário Estadual de
Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, veio a Caruaru e iniciou as
negociações, ele garantiu que não haveria transferência, nem a necessidade da
intervenção do Batalhão de Choque, inclusive disse que haveria visitação normal
de parentes dos presos neste domingo, no entanto depois foi convencido pelos
agentes sobre a necessidade da intervenção do Batalhão de Choque, que a
penitenciária não teria condição de receber as visitas e que para que a paz
fosse restabelecida teriam que transferir alguns presos, onze deles foram
levados ao presídio de Limoeiro, a programação de visita foi suspensa e houve a
ação do Batalhão de Choque, contrariando o que disse o secretário.
O advogado,
Dr. João Américo, disse que a Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB), designou uma comissão para acompanhar a rebelião
e segundo ele essa comissão tem como finalidade constatar que não houve nenhum
excesso na contenção do sinistro.
O Presidente do Sindicato dos Agentes
Penitenciários de Pernambuco, João Carvalho, informou que seis detentos
foram mortos por reeducandos, mas tudo isso ocorreu devido a ineficácia do
Estado em permitir que os próprios presos atuem como chaveiros, para ele o
Promotor do Sistema Penitenciário e o Juiz da Vara de Execuções Penais, terão
que rever seus conceitos, pois muitos presos já deveriam estar em liberdade,
mas são mantidos no Sistema Penitenciário pelo simples fato de não haver rigor
na observação no prazo do cumprimento de suas penas. Outro ponto destacado pelo
presidente, foi a superlotação da penitenciária que foi construída para acomodar
300 presos e hoje tem uma população carcerária de quase 200 detentos, enquanto
que existem apenas 7 agentes penitenciários de plantão, o Estado sabe disso e é
omisso.
O Capitão André Henrique do Corpo de
Bombeiros Militar, disse que foram empregados 12 Bombeiros, duas Brigadas
de Incêndio e uma ambulância de salvamento. Ele informou que o cenário de
destruição é impressionante e que pelo que viu parte da estrutura física da
penitenciária está comprometida.
O Tenente-Coronel Roberto Galindo da Polícia
Militar, interrompeu as suas férias para acompanhar o desfecho da rebelião
e segundo ele aproximadamente 100 policiais militares do BEPI (Batalhão
Especializado de Policiamento do Interior), Batalhão de Choque e do GATI (Grupo
de Apoio Tático Itinerante) do 4º BPM, trabalharam na contenção da rebelião e
nenhum detento conseguiu fugir da unidade, apesar de boatos nas redes sociais
afirmarem que 200 presos teriam fugido.
O delegado da 3ª DP, Dr.
Luiz Bernardo, que está na DEAH (Divisão Especial de Apuração de Homicídios), disse que os assassinos ainda não foram identificados e que as
imagens de fotos e vídeos divulgadas nas redes sociais serão fundamentais para
identificar e punir os assassinos.
Nem
os nomes dos onze feridos, que foram levados ao Hospital Regional do Agreste, inclusive
dois deles foram transferidos ao Hospital da Restauração no Recife, tampouco
de quatro dos seis mortos que foram levados ao Instituto de Medicina Legal (IML), foram
fornecidos á imprensa, os unícos identificados são Fábio Geraldo de Barros, de 44 anos e Ivanildo Alves de Oliveira, de 45 anos. Todos os corpos continuam no IML, para serem identificados pelos familiares.