SER CIENTISTA NO BRASIL: O PREÇO QUE QUASE NINGUÉM VÊ!
No último dia
18, o jornal Diário de Pernambuco trouxe para discussão a difícil e pouco
conhecida realidade na formação de mestres e doutores no Brasil. Prazos curtos,
pressão por resultados, humilhações, entre outros aspectos, fazem parte do
contexto de uma parcela significativa de acadêmicos integrados à programas de
pós graduação (via concurso) das Universidades Federais do nosso país.
Em agosto de
2017, o suicídio de um doutorando nos laboratórios da Universidade de São Paulo
(USP), descortinou um tema a qual, há muito tempo tem sido tratado a “panos
quentes” dentro das academias. Quase que um círculo vicioso, passado de
orientador para orientando, práticas abusivas continuam contribuindo para o
desenvolvimento de depressão, síndrome de pânico e suicídio entre acadêmicos.
O Brasil possui
altos índices de depressão e suicídio, depressão essa que é tributada muitas
vezes como o “mal do século”. O que observamos dentro do contexto de formação
de pesquisadores, é que o sistema extremamente burocrático em sua constituição,
assim como a alta competitividade diante de poucas oportunidades de ingresso,
tem contribuído para o agravamento do problema.
Situações como
tempo curto exigido para qualificação e defesa, pressão extrema para publicação
em revistas com Qualis elevado, dificuldades de relacionamento com
orientadores, discriminação e assédio... compõe um quadro real no dia a dia dos
alunos nessa modalidade. O processo de construção do conhecimento não
necessitaria ser tão duro, ao ponto de relatos de discentes sofrerem surtos
psicóticos, isolamento, síndromes, e até o referido suicídio. O enfado
aceitável deveria ser o da rotina de pesquisas e do aprimoramento nessa busca
em especializar-se.
O gênero
feminino é o mais penalizado nessa conjuntura. Se a pesquisadora for mãe, a
discriminação tende a acontecer desde o processo seletivo, onde em alguns
casos, a mesma é desestimulada a não seguir. E quando consegue ingressar, sofre
diversas pressões psicológicas ao rotineiramente ser cobrada a elencar
prioridades, sem ter o mínimo apoio/suporte que a auxilie a desenvolver e
concluir sua formação.
Essa foi minha
opinião de mulher de hoje. Participe conosco enviando suas dúvidas,
questionamentos e sugestões para dra.nayarasousa@hotmail.com.