Free Guy: Assumindo o
Controle
Adiado diversas vezes devido
a pandemia da Covid 19, o novo filme de Shawn Levy, mesmo diretor da série de
filmes Uma Noite no Museu, iniciada em 2006, de Gigantes de Aço (2011), Os
Estagiários (2013) e A Pantera Cor-De-Rosa (2006), chegou aos cinemas recentemente
e veio com tudo para nos conduzir a um verdadeiro universo onde realidade abre
espaço para o mundo virtual. Desafiador, conquistador, enfim faltam palavras
para descrever uma produção que conseguiu nos conectar com toda a trama,
personagens, dramas existenciais e desfecho. É aquele filme que causa uma
verdadeira revolução dentro da gente e também feito para ser assistido inúmeras
vezes em consequência da quantidade de referências a filmes e games mostradas
na tela.
No filme, Guy (Ryan
Reynolds) era somente um caixa de banco, cansado da rotina profissional de uma
cidade dominada pelo crime e por pessoas do mal. Um dia, ele conhece Molotov
(Jodie Comer) e resolve agir e se rebelar contra essa rotina. Descobrindo
fazer parte de um jogo chamado Free City e ciente que trata-se de um personagem
não jogável do video game, (o famoso NPC, sigla para non-player character),
decide mudar as regras que tanto o incomodavam e, de uma hora para outra, seu
maior objetivo passa a ser desarmar seus rivais, deixando de ser somente aquele
cara normal para tornar-se um grande herói em Free City sem disparar uma arma
numa cidade rodeada de crimes.
Roteiro de Matt Lieberman e
Zak Penn, entrega uma história original, onde juntos elaboraram uma trama capaz
de nos transportar para dentro do jogo, nos fazendo sentir toda conexão com
aquele mundo virtual e que indiretamente nos faz jogar também. Seguindo cada
passo de Guy, somos levados a torcer cena por cena, que ele suba de nível ao
passo que desarma a cidade. As explicações dadas pelos personagens no
mundo real são fundamentais na narrativa e com leveza vão mostrando como as
coisas em Free City funcionam, são extremamente divertidas e dão oportunidade
para que as referências ao universo dos games sejam bastante desenvolvidas, enquanto
ligam os eventos do jogo com a vida dos personagens no mundo real,
possibilitando o espectador sentir toda carga de sentimentos que é
exposta em diferentes situações que todos vivenciam, dentro e fora de Free
City.
Falar de Free Guy: Assumindo
o Controle é dizer que foi um trabalho em equipe e que todos os envolvidos
completam o conjunto desta grandiosa obra. Fotografia surpreendente e sensível
consegue passar toda opressão que há no mundo virtual onde assaltos a bancos
acontecem constantemente graças ao uso de cores apagadas, mas com cores fortes
e vibrantes, ressalta toda beleza e ação do mundo virtual sem crimes. Somado a
isto tivemos uma bela edição de cenas que uniu os efeitos especiais em perfeita
harmonia com a trilha sonora e para completar o conjunto da obra, a direção de
Shawn Levy exalta o equilíbrio destes dois mundos, fazendo todo o contexto ser
chamativo e acolhedor para diferentes espectadores.
O carisma de Ryan Reynolds
com o elenco de apoio é outro fator decisivo para que Free Guy: Assumindo o
Controle se torne um dos melhores filmes do ano, começando por Jodie Comer, com
quem desenvolve uma química surpreendente e com Lil Rel Howery, seu amigo para
todas as horas. Suas interações são carregadas de carinho, afeto e aquela
pitada de humor bem descontraído. Já Jodie Comer, esbanja talento e beleza fora
e dentro do jogo. Sua dinâmica com Joe Keery onde juntos se unem para
desmascarar o vilão interpretado por Taika Waititi, também fora e dentro do
jogo, funciona brilhantemente.
No final, compreendemos que
além de boas referências, diversão, grandiosas batalhas e uma viagem fantástica
ao universo virtual, incontestavelmente Free Guy: Assumindo o Controle
acerta até na inclusão de comentários sociais relevantes sobre sexismo e outras
formas de preconceito presente nos games, como também as lideranças tóxicas nas
grandes corporações. É leve o suficiente para ser um entretenimento de ponta e
profundo o bastante para funcionar como um alerta sobre discussões necessárias.
E é isso, na verdade, que o revela como um grande filme e um dos melhores
lançados em 2021.