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Depois da condenação em novembro
de 2014, o trio conhecido como “Canibais de Garanhuns”, por assassinar,
esquartejar, consumir e vender carne humana dentro de salgados, vai a júri
novamente nesta sexta-feira (23). Os réus, acusados pelas mortes de duas
mulheres de 20 e 31 anos em Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, são julgados
no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha Joana Bezerra, no Centro do
Recife.
O caso seria julgado em
Garanhuns, mas o advogado de um dos réus entrou com uma solicitação para que o
júri acontecesse em outra comarca.
De acordo com o Tribunal de
Justiça de Pernambuco (TJPE), a sessão tem início com a escolha dos sete
jurados para o Conselho de Sentença e, em seguida, o delegado Wesley Fernandes,
responsável pela investigação do caso em Garanhuns, é ouvido como testemunha.
O julgamento segue com o
interrogatório dos réus, debate entre promotor e defesa e, por fim, o
julgamento do Conselho de Sentença.
Segundo a Denúncia do
Ministério Público de Pernambuco (MPPE), as duas vítimas foram chamadas à casa
de Jorge Beltrão Negromonte Silveira, um dos réus, para ouvir a palavra de Deus
ou para um trabalho de babá. Com a participação de Isabel Cristina Pires da
Silveira e Bruna Cristina Oliveira da Silva, as mulheres foram mortas em 2012 e
partes dos corpos foram armazenadas para consumo dos três acusados.
“Nesses dois casos, estão
confirmadas a autoria e a participação dos três. Sem sombra de dúvida, cada um
teve sua participação. Nessa seita criada pelo réu Jorge, havia uma
determinação de que cada um iria cumprir um determinado papel na execução
desses crimes”, afirma o promotor do MPPE, André Rabelo.
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O representante do MPPE
também contesta o argumento utilizado pela defesa no julgamento de 2014, de que
os réus têm transtornos mentais. “Foram feitos laudos psiquiátricos por peritos
oficiais do Estado, então não há dúvida nenhuma de que nenhum deles é portador
de nenhuma doença mental. Existe, naturalmente, um transtorno de personalidade,
afinal de contas ninguém mata pessoas e come partes de um ser humano”, declara
o promotor.
Antes da sessão, a defesa de
Isabel Cristina Pires da Silveira, uma das pessoas a serem julgadas, preferiu
não falar sobre os argumentos. “Não vamos adiantar nenhuma tese de defesa no
momento, nós trabalharemos para fazer a melhor defesa técnica possível da nossa
cliente pois acreditamos na inocência dela”, afirma o advogado Leandro Levi.
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Os três réus são julgados
por duplo homicídio triplamente qualificado – por motivo torpe, com emprego de
cruel e impossível a defesa da vítima, além de ocultação e vilipêndio de
cadáver e de furto qualificado.
Jorge Beltrão e Bruna
Cristina respondem ainda por estelionato, sendo que Bruna será julgada também
pelo crime de falsa identidade.
Condenação em 2014
No primeiro dos dois dias de
julgamento, em 2014, o trio foi hostilizado ao chegar ao Fórum de Olinda e
trocou acusações entre si durante os depoimentos. Eles contaram detalhes
macabros da ação e uma das rés, Bruna Cristina, disse que “Jogos Mortais
perdia” ao descrever o assassinato de uma das vítimas. A ré afirmou que chegou
a comer a carne da mulher por causa do ritual.
Por crimes da mesma natureza
cometidos em 2008, Jorge Beltrão Negromonte da Silveira pegou 21 anos e seis
meses de reclusão e um ano e seis meses de detenção, totalizando 23 anos. Já as
rés Isabel Cristina Torreão Pires e Bruna Cristina Oliveira da Silva pegaram 19
anos de reclusão e um ano de detenção, totalizando 20 anos cada.