Falta de diálogo da
Prefeitura de Caruaru expõe descaso com feirantes
Na atualidade, o diálogo com
a sociedade é uma das exigências da administração pública, mas parece estar
completamente despercebida pela gestão municipal de Caruaru, que perpetua
práticas antigas, com raízes no coronelismo. Exemplo disso aconteceu no último
sábado (30.05), quando foi feita a interdição de 58 barracas próximas ao Rio
Ipojuca, no Parque 18 de Maio. Peças de bicicletas, roupas e calçados são
alguns dos produtos comercializados no lugar.
Pelas redes sociais,
circularam áudios e vídeos de comerciantes preocupados, sem informações claras
sobre os rumos dos seus estabelecimentos. Além dos efeitos da pandemia, muitos
feirantes ficaram angustiados ao verem suas barracas interditadas e sob anúncio
de demolição. Em um momento de crise econômica, esses cidadãos se sentiram
prestes a perder a forma que dispõem para sustentar suas famílias.
Depois que o fato gerou
polêmica em toda a cidade e foi retratado em alguns veículos de imprensa, é que
a Prefeitura emitiu uma nota de três parágrafos, afirmando que as barracas
interditadas “precisam ser realocadas”. O documento registra que “existe uma
ação no Ministério Público que diz que não pode haver ocupação nesta área, por
se tratar de um local de proteção permanente”, mas não traz esclarecimentos
sobre para onde irão as barracas, nem quando será efetivada a transferência.
Fonte de renda para milhares
de caruaruenses, a feira é um fator indispensável da história e da identidade
do município. As decisões precisam ser implementadas em sintonia com a
sociedade, mas a atual gestão revela inabilidade para dialogar – o que ficou
evidente em momentos como a apresentação de um estudo técnico sobre o Parque 18
de Maio, realizado pelo Corpo de Bombeiros em uma audiência pública que
promovemos em agosto do ano passado pela Comissão de Desenvolvimento Econômico
e Turismo da Alepe, a qual contou com representantes de diversos segmentos
estaduais e locais, menos do poder público municipal. A Prefeitura precisa
entender que os cidadãos devem ser tratados com respeito. É preciso pensar nas
pessoas e não nas coisas.
