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quarta-feira, 23 de maio de 2018

COLUNA OPINIÃO DE MULHER COM A ENFERMEIRA E PROFESSORA UNIVERSITÁRIA NAYARA SOUZA



PORQUE É TÃO DIFÍCIL NASCER NO BRASIL?

Na última semana, o jornal Bom dia Brasil trouxe uma reportagem denunciando a precária assistência a parturientes no país. Ressaltando a antiga peregrinação a qual as brasileiras precisam percorrer na maioria dos estados para conseguir parir. O momento do parto é algo totalmente novo para essa mulher, mesmo que a mesma já tenha vivenciado essa situação em gestações anteriores.

Nos últimos cinco anos, em Pernambuco 7 maternidades foram fechadas, além de outras terem o seu horário de atendimento reduzido. Muitos municípios não realizam o parto na localidade, mesmo que esse seja de baixo risco, e isso tem gerado o que podemos chamar de caos. Afinal, as unidades de referência às quais deveriam atender somente gestantes classificadas como Alto Risco, superlotam recebendo demandas que não correspondem as delas.

Nascer no Brasil tem sido ao longo dos anos um verdadeiro desafio. Falhas na atenção básica/alta complexidade, que envolve desde a má condução do pré-natal até a culminância no momento do parto, fazem parte de uma realidade que precisa ser encarada. O problema não está apenas no agravante da peregrinação, mas sim em todo o processo, que inicia com a confirmação da gravidez e vai até o puerpério (média de 42 dias pós-parto).

Um grupo de pesquisa liderado pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, a qual estuda diversos aspectos sobre os partos/nascimentos em nosso país, tendo um projeto denominado Nascer no Brasil: Inquérito Nacional Sobre Parto e Nascimento, trás dados alarmantes. Entre outras evidências científicas, foram identificadas disparidades raciais no processo de atenção à gestação e ao parto evidenciando um gradiente de pior para melhor cuidado entre mulheres pretas, pardas e brancas. O estudo aponta que gestantes de cor preta tem um índice maior de pré-natal sem qualidade, peregrinam mais para parir, recebem menos anestesia quando necessário e sofrem mais com ausência de acompanhante.

Outro resultado importante que o grupo trás, é que 66% das brasileiras optam pelo parto normal, porém os índices de cesariana continuam extremamente elevados. Apenas 45% das entrevistadas desejaram a gravidez atual. Ou seja, menos da metade planejaram esse evento. Então, podemos concluir que também falhamos no Planejamento Familiar, que deveria acontecer de forma eficiente dentro da Atenção Básica. São inúmeros aspectos a serem resgatados na assistência obstétrica. Falta estrutura, profissionais sem humanização e conhecimento técnico/científico, práticas ultrapassadas, investimentos absurdos na medicalização de algo que deveria ser fisiológico, entre muitos outros... Então fica a indagação: Porque é tão difícil nascer no Brasil?

Essa foi minha opinião de mulher de hoje. Participe conosco enviando suas dúvidas, questionamentos e sugestões para dra.nayarasousa@hotmail.com