ATÉ QUANDO “NÓS” SEREMOS ESTUPRADAS?
Um caso
repercutiu grandemente a nível local e nacional e nos instiga novamente ao
debate. Na semana passada, uma jovem de 18 anos, realizou uma denúncia de
estupro na cidade de Recife. O que muito chamou atenção foi que, o crime teria
acontecido em um ambiente de atendimentos em saúde, partindo de alguém e em um
local simplesmente inesperados.
A vítima
procurou a Delegacia da Mulher algumas horas após o ocorrido, e relatou que foi
abusada pelo médico que a atendeu na Unidade de Pronto Atendimento. O mesmo
teria a estuprado no consultório da UPA, quando a jovem retornou com o
resultado de um exame. Após a denúncia ganhar repercussão, outras mulheres
realizaram denúncias contra o médico, alegando terem sido violentadas por ele.
Entre os dias 21 e 26, cinco mulheres no total, teriam realizado denúncias
junto à Delegacia da Mulher e através da Ouvidoria da Mulher.
O chefe da Polícia
Civil, Joselito Amaral, em uma de suas entrevistas disse que “Há grandes
possibilidades de que estejamos diante de ‘serial’, um criminoso que age
repetidamente, porque o perfil dele foge muito do usual, que é alguém próximo
da vítima. Por ser médico, acreditamos que ele aproveitava a posição e a
possibilidade de contato físico para praticar a violência” O que nos traz um
sentimento de revolta e de que, precisamos debater políticas públicas
emergenciais para mulheres. As mulheres continuam sendo estupradas de forma
absurda em nosso país e estado. O médico foi afastado de suas funções, e teve
sua identidade preservada até as investigações serem concluídas. E como quase
que, com um “nó na garganta” fica a indagação: Até quando “nós” mulheres,
seremos estupradas?
Um ponto
importante para destacarmos, são as condições que vítimas de estupro, do gênero
feminino, precisam passar para efetivarem a denúncia. Além dos danos físicos e
emocionais incalculáveis, precisam relatar os fatos muitas vezes para outros homens,
por serem maioria nas delegacias, em um ambiente pouco humanizado. Além de
necessitarem passar pelo exame traumatológico e sexológico e receber a
profilaxia para Infecções Sexualmente Transmissíveis e gravidez indesejada.
Diante disso, eis a importância da ampliação das Delegacias para Mulheres, com
atendimento 24 horas por dia.
Para qualquer
situação de abuso sexual contra mulheres, denúncias podem ser realizadas
através da Ouvidoria da Mulher (0800 281 8187). Faz-se necessário que um tema
tão grave como esse seja amplamente discutido com a sociedade, assim como a
certeza que não haverá impunidade. Uma forma é tornar o crime de estupro,
imprescritível. Que é o que propõe a PEC 64/2016. Caso seja aprovada, a vítima
poderá denunciar o criminoso em qualquer época, sem se preocupar com o prazo de
prescrição do crime.
Essa foi minha
opinião de mulher de hoje. Participe conosco enviando suas dúvidas,
questionamentos e sugestões para dra.nayarasousa@hotmail.com.