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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

COLUNA OPINIÃO DE MULHER COM A ENFERMEIRA E PROFESSORA UNIVERSITÁRIA NAYARA SOUZA



ATÉ QUANDO “NÓS” SEREMOS ESTUPRADAS?

Um caso repercutiu grandemente a nível local e nacional e nos instiga novamente ao debate. Na semana passada, uma jovem de 18 anos, realizou uma denúncia de estupro na cidade de Recife. O que muito chamou atenção foi que, o crime teria acontecido em um ambiente de atendimentos em saúde, partindo de alguém e em um local simplesmente inesperados.

A vítima procurou a Delegacia da Mulher algumas horas após o ocorrido, e relatou que foi abusada pelo médico que a atendeu na Unidade de Pronto Atendimento. O mesmo teria a estuprado no consultório da UPA, quando a jovem retornou com o resultado de um exame. Após a denúncia ganhar repercussão, outras mulheres realizaram denúncias contra o médico, alegando terem sido violentadas por ele. Entre os dias 21 e 26, cinco mulheres no total, teriam realizado denúncias junto à Delegacia da Mulher e através da Ouvidoria da Mulher.

O chefe da Polícia Civil, Joselito Amaral, em uma de suas entrevistas disse que “Há grandes possibilidades de que estejamos diante de ‘serial’, um criminoso que age repetidamente, porque o perfil dele foge muito do usual, que é alguém próximo da vítima. Por ser médico, acreditamos que ele aproveitava a posição e a possibilidade de contato físico para praticar a violência” O que nos traz um sentimento de revolta e de que, precisamos debater políticas públicas emergenciais para mulheres. As mulheres continuam sendo estupradas de forma absurda em nosso país e estado. O médico foi afastado de suas funções, e teve sua identidade preservada até as investigações serem concluídas. E como quase que, com um “nó na garganta” fica a indagação: Até quando “nós” mulheres, seremos estupradas?

Um ponto importante para destacarmos, são as condições que vítimas de estupro, do gênero feminino, precisam passar para efetivarem a denúncia. Além dos danos físicos e emocionais incalculáveis, precisam relatar os fatos muitas vezes para outros homens, por serem maioria nas delegacias, em um ambiente pouco humanizado. Além de necessitarem passar pelo exame traumatológico e sexológico e receber a profilaxia para Infecções Sexualmente Transmissíveis e gravidez indesejada. Diante disso, eis a importância da ampliação das Delegacias para Mulheres, com atendimento 24 horas por dia.

Para qualquer situação de abuso sexual contra mulheres, denúncias podem ser realizadas através da Ouvidoria da Mulher (0800 281 8187). Faz-se necessário que um tema tão grave como esse seja amplamente discutido com a sociedade, assim como a certeza que não haverá impunidade. Uma forma é tornar o crime de estupro, imprescritível. Que é o que propõe a PEC 64/2016. Caso seja aprovada, a vítima poderá denunciar o criminoso em qualquer época, sem se preocupar com o prazo de prescrição do crime.

Essa foi minha opinião de mulher de hoje. Participe conosco enviando suas dúvidas, questionamentos e sugestões para dra.nayarasousa@hotmail.com.