As lições de Petrópolis
Os moradores da cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, estão vivendo um verdadeiro caos. As fortes chuvas que caíram na semana passada transformaram a Cidade Imperial em um cenário de calamidade. A Polícia Civil do estado contabiliza 152 mortos e 165 pessoas desaparecidas, segundo dados do domingo (20).
Esse contexto nos inspira, primeiramente, a praticar a empatia e a solidariedade. Pensar nas famílias que hoje estão desesperadas comove nosso coração. Assim, também nos impulsiona a valorizar o trabalho de profissionais e voluntários que estão diuturnamente acolhendo moradores e auxiliando nas buscas pelos corpos das vítimas de deslizamentos de terra.
Esse fato também traz a lume uma reflexão sobre os riscos do desordenamento urbano, que se alastra pelo Brasil. A área mais arrasada da cidade onde morou o imperador Dom Pedro II foi, justamente, a que é habitada pela população mais carente. As pessoas em maior situação de vulnerabilidade precisam de mais atenção do poder público – isso não pode ser apenas um discurso, mas deve consolidar-se em ações reais, estruturantes e transformadoras.
Para tanto, é urgente que medidas diversas sejam implementadas. Uma das principais é o combate à corrupção. O Ministério Público Federal descobriu que a Secretaria de Obras do Estado do Rio de Janeiro – responsável pela infraestrutura do estado, inclusive nas encostas de morros – teve recursos desviados da ordem de R$ 4 bilhões, através de crimes como fraudes em licitações e superfaturamento em materiais de construções. Corrupção mata, literalmente. Pressionar os órgãos de controle, acompanhar os trabalhos dos governantes e votar com consciência são as principais armas do cidadão contra essas práticas nocivas.