A malfadada reestruturação do Banco do Brasil pode
significar piora dos serviços aos usuários e superlotação de agências, mas tem
um peso ainda maior na vida dos bancários. O processo já faz suas vítimas no
Estado de Pernambuco.
Centenas de bancários das agências e postos de
atendimento que foram fechados ou remodelados estão encontrando dificuldade em
se realocar com os mesmo vencimentos que tinha em seus antigos locais de
trabalho.
Muitos já se submeteram a receber salários mais
baixos ou trabalhar em locais com prejuízo para sua rotina pessoal. Pernambuco
é um dos Estados onde haveria pouquíssimos problemas ou dificuldades em
realocar as pessoas, o que sugere má vontade ou incompetência da
Superintendência do Banco do Brasil no Estado em tratar do assunto.
Em Pernambuco, 340 bancários aderiram ao Plano
Extraordinário de Aposentadoria Incentivado (PEAI), deixando cargos em aberto
para ocupação por outros funcionários mediante qualificação técnica, como seria
o esperado. Isso não vem ocorrendo. Os 204 bancários do BB que perderam seus
cargos na reestruturação, em sua maioria, não conseguiram ocupar vaga
semelhante em outras unidades, o que abre a suspeita de que indicações
políticas e/ou interesses pessoais da Superintendência do BB em Pernambuco
tenham se tornado um grande dificultador em uma área que seria meramente
organizada pelo setor de Recursos Humanos do banco.
A assessoria de comunicação do Sindicato
entrevistou três bancários, que falaram sob condição do anonimato. Uma delas
nos contou seu calvário desde que sua agência foi incluída na reestruturação do
BB. Ela explica que, ao perder sua comissão, fez diversas consultas à página do
banco na internet onde são disponibilizadas vagas, assim como também fez
contatos com o setor de Recursos Humanos. Em sua função muitas vagas foram
abertas e ela já participou de vários processos seletivos, sem ter retorno de
nenhum deles. "Nem que sim, nem que não, eles não dizem nada",
criticou.
Outra Bancária está ganhando menos que sua
remuneração anterior. Ela recebe, por quatro meses, a Verba de Caráter Pessoal
(VCP). "Depois que acabar o 'esmolão' (como o VCP é chamado), vou perder
cerca de 40% dos meus rendimentos", diz. Para ela, não seria
preciso, sequer, participar de processo seletivo, já que sua carteira de
clientes na antiga agência estava acima da meta. "Agora que desci de
cargo, posso ter que esperar mais dois anos para ter um 'plus' no
sálário", disse, lembrando que tem diversos certificados que a habilitam
galgar, por sua competência, postos superiores.
No interior do Estado, as dificuldades de realocar
pessoas são maiores, por conta da distância entre as cidades. Para esses
bancários, o descaso está sendo ainda pior e doloroso.
O Sindicato dos Bancários de Pernambuco repudia
esta prática da Superintendência do BB, que prejudicou a concorrência dos
bancários qualificados tecnicamente para ocupar cargos vagos. O Sindicato vai
solicitar apoio à Contraf-CUT para que esta denúncia seja feita em âmbito
nacional, assim como espera que o novo superintendente, além de não continuar
com essa prática absurda, tente corrigir os malfeitos e problemas causados
desde o início da reestruturação do banco.