Heróis em meio à tragédia
A marca de 128 vidas ceifadas (das quais, 32 crianças e adolescentes) nos últimos dias na Grande Recife é como uma página de tristeza escrita na história de Pernambuco. Atualmente, em nosso estado, há 61.596 pessoas desalojadas e 9.631 desabrigadas, em 123 abrigos de 31 municípios. Os dados são da Secretaria Executiva de Defesa Civil de Pernambuco, atualizados no domingo (05). A tragédia já é considerada superior à de 1975, quando cerca de 80% das ruas do Recife ficaram alagadas.
O cenário é de muita preocupação. A Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) prevê que o período chuvoso se estenda até o mês de agosto, com possibilidades – imprevisíveis – de chuvas mais fortes. O contexto faz parte das mudanças climáticas, mas também representa a falta de ordenamento do espaço urbano nas grandes cidades brasileiras, advindo de políticas públicas historicamente falhas.
Em meio ao caos e à lama, vimos emergir o heroísmo, sobretudo através do trabalho de profissionais como os bombeiros militares e a Defesa Civil. Para cumprir o seu mister, visando a salvar vidas e localizar desaparecidos, esses profissionais têm atuado de forma incansável, digna de nossa nota, respeito e homenagem. Ao mesmo tempo, a população também vem demonstrando inúmeros gestos de solidariedade e empatia, partilhando a dor e sinalizando esperança, apesar do momento de dor.
O Governo do Estado vai lançar um auxílio de R$ 1,5 mil para assistir as famílias, necessitadas de amparo material, financeiro e espiritual. Outras ações deverão ser anunciadas nos próximos dias, mas o que esperamos é que haja uma maior consciência de todos nós. Que estes momentos difíceis nos sirvam de lição para que tenhamos uma postura mais cidadã, empática, humana e responsável com relação à coletividade.