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sábado, 16 de janeiro de 2021

COLUNA CLUBE DO FILME COM MARY QUEIROZ

Tenet

Perfeito e realista, amplifica a tensão do espectador através da sua trilha sonora estrondosa.

 


Classificar um filme de Christopher Nolan como melhor que outro, é uma tarefa vai muito além de técnica e conhecimento. São questões pessoais que me faz construir uma relação subjetiva e mais íntima com determinados filmes de Nolan, e são justamente esses pontos que garantem a Batman Begins (2005), Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008) e Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012), a primeira posição em uma lista dos melhores filmes dele. Acredito que, somente dessa forma, reconhecendo a impossibilidade de ser objetiva, que consigo ser sincera de fato. Outros tantos, cito aqui, como menções honrosas, Dunkirk (2017), A Origem (2010) e Interestelar (2014). Sabendo que poderiam estar na lista principal, e, claro, porque estou ciente de que a avaliação de uma arte, está sempre ligada à identificação, o que é particular e intransferível, principalmente quando temos um diretor que possui uma capacidade tão peculiar e aguçada em simplificar obras complexas, com conceitos tão simples e agradáveis para quem as assiste.

O mesmo acontece com Tenet, um deleite técnico, que reúne muitos elementos e boa parte das ideias já visto em outras obras, como tempo, espaço, ilusão, mistério e física. Utilizando a inversão de situações e objetos, mais uma vez, ele consegue apresentar uma proposta de entretenimento bastante prazerosa para o espectador. No filme, temos o Protagonista, um agente secreto (John David Washington) que se envolve em uma caçada por artefatos escondidos que, reunidos e em mãos erradas, podem destruir o mundo. Contando com a ajuda do parceiro Neil (Robert Pattinson), outro agente da mesma ordem, o espião investiga o perigoso contrabandista de armas Andrei Sator (Kenneth Branagh), e consequentemente utiliza a ajuda da misteriosa esposa Katherine (Elizabeth Debicki), para entrar em contato com Andrei e seus planos terroristas.

Descrever o que é a experiência de se assistir Tenet é uma tarefa bastante complicada, e não é exagero dizer que as quase três horas, passaram como se fossem 15 minutos. Nolan apresenta o melhor filme de ação do ano de 2020, a melhor ficção científica e o melhor uso de efeitos práticos. Na ação, o filme é a soma de bons planos-sequência, extremamente tensos, com alguns diálogos e uma trilha sonora potente, onde sugere a adrenalina necessária para um filme de espionagem, com batidas cheias de tensão, que contrastam com o refrão melódico. Ludwig Göransson, premiado no Oscar pelo trabalho desenvolvido em Pantera Negra, compôs todas as faixas, e seu talento aqui é muito bem vindo. Não imagino este filme com outra trilha.

Nolan, também escreveu o roteiro, e como ele prometeu no material de divulgação, ao falar “Tenet é uma história clássica de espionagem, cresci adorando filmes de espionagem. Mas para tocar o público de hoje, para que eu realmente me envolvesse, eu queria que ele tivesse maiores possibilidades”. E, ele nos entrega exatamente isso, uma história simples e básica, mas visceral, envolvendo uma trama recheada de espionagem, ameaça global e outras possibilidades com a inversão do tempo. Contada por meio de longas tomadas, algumas sem corte, com aquele brilhantismo técnico, próprio do jeito Nolan de se fazer filme. Nas atuações, não esperamos um desenvolvimento detalhado de cada personagem, pois suas personalidades são estabelecidas na primeira cena de ação na Ópera. Nela sentimos que a capacidade de cada personagem vai além, principalmente do Protagonista. Com a ajuda de diálogos espertamente escritos, alguns usados para explicar ao espectador como funciona a inversão. E outros um tanto descontraídos para não deixar a trama cansativa. Mas todo o foco, se encontra na inversão e eles não perdem nem um segundo tentando estabelecer um desenvolvimento mais completo sobre cada personagem, até porque são misteriosos, como é o caso do Protagonista (John David Washington) e Neil (Robert Pattinson). É o espectador quem vai construindo aos poucos, de acordo com sua percepção, o que cada um pode representar naquela narrativa e como uma boa ficção científica, o diretor nos presenteia, com um trabalho fortemente alinhado na realidade, que em determinados momentos funciona quase como uma boa aula de física. Utilizando breves conversas expositivas até certo ponto, mas orgânicas a todo o momento, para nos explicar como toda inversão funcionará e qual a causa que possibilita tal inversão dos acontecimentos, oferecendo a possibilidade que o tempo se esgota e vemos este conceito em quatro importantes cenas de ação. A primeira da Ópera, a segunda envolve um avião, na terceira com caminhões e vários carros numa cena magnífica de ver, e a quarta, no ápice do filme, lembrando que são nelas que o público fica atordoado com a proposta de inversão oferecida por Nolan. Todas elas são perfeitas, amplificando a tensão do espectador através da trilha sonora estrondosa.

E, para realizar tudo isso, claro, há uma forte influencia dos efeitos práticos. Nada parece falso, exagerado ou menos da maneira como o diretor deveria usá-los para contar uma boa história de espionagem. Cada cena de destruição, transmite veracidade nos detalhes. Ao introduzir o vilão perigoso e contrabandista de armas Andrei Sator (Kenneth Branagh), chantageando a misteriosa esposa Katherine (Elizabeth Debicki), a narrativa consegue uma amplitude enorme, mesmo apresentando-os de forma limitada. Ela, como vítima e mãe torturada, a ação não deixa de ser perfeitamente crível por um segundo sequer. A química entre ela, o vilão e o Protagonista, flui eficientemente, isso porque a natureza dos papéis deles é muito diferente da dela, mas são participações simbólicas e autoconscientes, novamente graças ao roteiro esperto que sabe brincar com os próprios atores.

É difícil concluir uma crítica sobre um filme que nos impressiona profundamente em todos os níveis. Tenet é uma obra-prima de ação que eleva o uso dos efeitos práticos a um ou dois níveis acima do que vemos por aí. Espero que Christopher Nolan produza mais uma obra desse gabarito, afinal o filme teve um orçamento de US$ 225 milhões de dólares, tornando-se o filme mais caro da carreira do diretor, e até agora, só ultrapassou US$ 300 milhões de bilheteria mundial.

No fim, a gente fica com aquela sensação gostosa de ter visto algo diferente, com um fator impactante gigantesco, daqueles que nos fazem ter vontade de ver tudo novamente, por mais que saibamos que a sensação pode não se repetir em sua plenitude, mas com Tenet, duvido muito, afinal mergulhamos de tal maneira no filme que, só acreditamos que tinha acabado quando os créditos começam a rolar.

Programa Clube do Filme

 

No programa Clube do Filme deste sábado, 16 de janeiro de 2021, terceiro programa do ano, às 13h pela Rádio Cultura do Nordeste 96,5 FM/1130 AM, apresentado por Edson Santos e Mary Queiroz, tem como tema “CARRO REI: PERNAMBUCO NO FESTIVAL DE ROTERDÔ. Nos estúdios da Rádio, participação do Ator Caruaruense Adélio Lima e Renata Pinheiro (Diretora do longa).

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