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sábado, 30 de janeiro de 2021

COLUNA CLUBE DO FILME COM MARY QUEIROZ

 


RECIFE ASSOMBRADO


Um filme que tinha tudo para dar certo, mas naufragou de forma assustadora, na tentativa de trazer para as telas, as supostas “LENDAS URBANAS” da capital pernambucana. Sim, supostas e mesmo com esse título chamativo, a tal assombração da cidade, não passa de clichês muito mal aproveitados de filmes do gênero. E pior, numa narrativa sem “pé nem cabeça” que de assustador não tem nada. Aliás, tem sim, a total falta de criatividade do roteiro.

O longa conta a história de Hermano, que, diante do misterioso desaparecimento de seu irmão, Vinícius, precisará encarar os seus traumas do passado e retornar ao Recife, local que foi obrigado a abandonar 20 anos atrás. Neste processo, ele enfrenta problemas vinculados ao passado da família e descobre uma cidade que, ao anoitecer, fica assustadora. Em meio a busca pelo irmão, Hermano se depara com assombrações do imaginário recifense. Lendo assim, a gente até se empolga com o enredo. Ao tentar contar essa história envolvendo essas tais “lendas urbanas” o filme se perde na narrativa, desenvolve muito mal os personagens e o que é pior, não conhecemos nenhuma destas lendas mais a fundo, deixando o expectador com uma triste sensação de “o que eu estou fazendo aqui, assistindo esse filme?”

Com uma fotografia totalmente escura, onde muitas vezes não sabemos em que momento a ação se passa, se é de dia, de noite ou madrugada, o Diretor Adriano Portela optou por usar filtros escuros, com tons de cinza e amarelo o que resultou numa imagem pouco nítida onde muitas vezes o que vemos são cenas borradas ou sem definição, dificultando ainda mais, a imersão no filme. Além disso, Adriano ainda filmou boa parte das cenas de suspense com closes fechados, isso também dificulta a compreensão do que se passa ao redor dos personagens.

E nas atuações, francamente nenhum ator/atriz consegue dar brilho ao seu personagem, onde são pouco explorados no quesito de suas camadas nos deixando sem interesse por nenhum deles. Nem o ator global Daniel Rocha dá o tom necessário ao seu papel, nos deixando frustrados pela falta de um algo mais preenchendo sua história. Os demais atores/atrizes nos dão a impressão de não saber ao certo, o que fazer em cena. Nem o veterano ator recifense, filho de imigrantes judeus e bem conhecido no cenário cinematográfico pernambucano, Germano Haiut, conseguiu dar uma dramaticidade convincente ao pai do protagonista. E o vilão, é também apresentado sem nenhuma expressividade ameaçadora, que passa de um suposto mago envolto em magia negra, para um serial killer, nada sério. Sem falar nos anéis usado por ele, os quais fica roçando entre os dedos e balançando a mão, numa alusão ao personagem de Lima Duarte, na novela ROQUE SANTEIRO, o Sinhozinho Malta.

E as tais “LENDAS URBANAS”, tão divulgadas nas reportagens feitas sobre o filme? Onde está a PERNA CABELUDA, A VELHA DA CAXANGÁ, o PAPA-FIGO e até mesmo CUMADI FULÔZINHA, lendas criadas pelo folclore popular. Não há nenhuma referência, citação, aparição ou até mesmo ligação com a narrativa do roteiro. Nada se conecta com nada. A cena final, o tão esperado desfecho, o qual deveria ser empolgante, vem rodeado de clichês os quais são ainda mal traçados e desenvolvidos, até chegar no ápice do confronto final. Nós como espectadores, mal conseguimos ver e entender a cena, de tão escura que estava no momento da gravação. Sem falar nas locações, as quais nunca conseguimos identificar em qual lugar acontece essa ou aquela cena. Do Recife mesmo, o único ponto turístico mostrado a exaustão, é o MONUMENTO DE BRENNAN, localizado no Marco Zero da cidade. Cenas gravadas em Caruaru e Bezerros, não temos como identificar. Outra coisa também, mal aproveitada no filme constantemente é citado um livro de Gilberto Freyre, mas também não fica claro a relação desta obra com o filme.

É uma pena, sinceramente, é lamentável uma produção pernambucana onde seu cartaz foi bem produzido, o marketing também bem explorado, mas que infelizmente, não cumpre nem entrega uma narrativa coesa, na verdade, fora do contexto do que foi maciçamente explorada pela imprensa, que cumpriu seu papel na divulgação do material que havia recebido. E depois de assistimos, lamentamos por essa falha na construção deste filme. Tomara que o mais adiante, possamos voltar a comentar sobre uma produção pernambucana com mais entusiasmo, como foi com o prazeroso “BACURAU”, de Kleber Mendonça Filho.

 PROGRAMA CLUBE DO FILME

 


O Programa Clube do Filme deste sábado, 28 de janeiro de 2021, às 13h pela Rádio Cultura do Nordeste 96,5 FM/1130 AM, apresentado por Edson Santos e Mary Queiroz, terá como tema: “AS OBRAS DE TOLKIEN: DOS LIVROS AOS FILMES”. Nos estúdios da Rádio, participação do Professor Luiz Antônio, do Músico Jarbas Aquino e do Pesquisador Alysson Monteiro.

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