A face mais cruel da violência
A recente notícia de um pai que abusou da filha durante 12 anos em Caruaru causou indignação e repugnância. Lamentavelmente, esse é um caso entre milhares. Os dados oficiais mostram uma triste realidade em Pernambuco. A Secretaria de Defesa Social informa que 1.816 casos de abuso contra crianças e adolescentes ocorreram em 2021, o que representa um aumento de quase 15% comparado ao mesmo período de 2020, quando 1.581 crianças e adolescentes sofreram esse tipo de crueldade.
Esse tipo de crime acontece inclusive dentro de casa. O agressor pode ser um parente, amigo da família, ou uma pessoa acima de qualquer aparente suspeita. Por isso mesmo, o volume de denúncias tende a ser baixo: a vítima possui relação de afinidade com o agressor. E, em muitas situações, as outras pessoas tendem a não acreditar na vítima.
Para mudar esta realidade, é preciso adotar ações multidisciplinares e integradas. Uma delas é o fortalecimento dos Conselheiros Tutelares. Os conselhos tutelares são órgãos instituídos a partir do Estatuto da Criança e do Adolescente com o objetivo de garantir os direitos infantojuvenis. É vislumbrando esse horizonte que no próximo dia 26 realizaremos um grande ato na Assembleia Legislativa de Pernambuco, com o intuito de debater essa realidade e propor avanços na discussão sobre a implementação do Piso Nacional dos Conselheiros Tutelares.
Outras ações também estão sendo levadas adiante, a exemplo da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher em Caruaru, que está com obras em ritmo acelerado e proporcionará uma melhor atenção às mulheres e meninas vítimas de violência. Também seguimos na luta para implantar um Centro Integrado da Criança e do Adolescente em Caruaru. O espaço reúne os principais serviços da rede de proteção e vai garantir um melhor acompanhamento dos pequenos.
Acima de tudo, é válido ressaltar que manter o olhar atento para o cuidado infantojuvenil é dever de todos. Quem tiver alguma denúncia ou mesmo suspeita de casos de abuso ou violência, deve informar aos órgãos responsáveis, para que as medidas cabíveis sejam adotadas. Vamos proteger nossas crianças; em cada uma delas está o futuro de toda a coletividade.