Razão, Ciência e
Humanismo.
Humanismo com
finalidade, a razão nas tomadas de decisões e ciência a serviço dos outros
dois. Nesses tempos difíceis que atravessamos, as palavras iniciais desse
artigo, que são atemporais, parecem, para alguns, distantes e inaplicáveis.
Perder a cabeça, agir
impulsivamente, operar sem razão, são a nova tendência, digna de aplauso e
culto. Tensionar e criar ambientes onde a razão e a ciência sejam substituídas
pela patologia passional do ego pessoal, político ou ideológico, e encontra-se
sempre certo no que diz, pensa e faz, acima de qualquer coisa, argumento ou
ideia, deve ser o caminho a ser trilhado. Aos que pensam o contrário a mim,
todos que assim agem estão errados. Essas são algumas facetas do obscurantismo atual e a tônica da
existência de muitos governantes e governados. Existem aqueles que, entretanto,
entendem que a razão ainda tem espaço na existência e dirigem suas vidas
segundo a filosofia e pensamento de Espinoza, que legou para posteridade
pensamento acerca da razão que pode ser expressado na frase: “Os que são
governados pela razão não desejam para si nada que também não desejem para o
resto da humanidade”.
A ciência não se
compatibiliza com medrosos, indecisos, indolentes, ambivalentes e inseguros. Na
filosofia de Immanuel Kant existe uma convocação ao pensamento, à razão, para
que o ser humano saia de sua submissão “preguiçosa e covarde” e, em suas
palavras, “ouse entender!”. Em um mundo de opiniões conflitantes, que
constratam e se chocam, onde as avaliações do “eu acho” se sobrepõem de forma
desoladora sobre todos os aspectos existenciais, a intelectualidade foi
substituída pelo ceticismo das ideias científicas, e a incapacidade de
compreender que as nossas opiniões não são capazes de mudar as leis de Newton,
Einstein, Galileu Galilei, Arquimedes, entre outros. O mundo não se alicerça em
premissas exclusivamente ideológicas, políticas, teleológicas e egocêntricas, a
ciência serve e aplica-se a comunistas e liberais conservadores.
O aprimoramento e
desenvolvimento do ser humano é um acúmulo de bilhões de anos de racionalidade
e conhecimento sistematizados por métodos experimentais que levaram à ciência,
essa, por sua vez, responsável por toda tecnológica que nos cerca, pelo
prolongamento da vida, diminuição, extinção e cura de algumas doenças. Desse
modo, o destino de nossa sociedade não pode estar sob a influência de valores,
discursos e argumentos que não se baseiam no pensamento raciocinado e
sistematizado de cunho científico, principalmente quando nos deparamos com uma
pandemia.
O humanismo é a
valorização da condição humana acima de tudo, onde solidariedade, empatia e
compaixão são meios de aprimoramento dessa nossa humanidade. Em tempos de
obscuridade só quem pode iluminar o caminho é a luz do conhecimento e desse modo
a razão, ciência e humanismo representam a trilha necessária para enfrentar o obscurantismo.
Não podemos esquecer de que esse tripé sustenta o progresso da humanidade, e
deve ser posto em marcha para que o cidadão e a sociedade evoluam rompendo a
barreira do “eu acho que é melhor assim”.
Diante da pandemia,
esperamos que os governantes e a sociedade amparem suas decisões na ciência, e
que as nossas escolhas pessoais sejam tomadas de forma racional com bases
científicas para, o desenvolvimento humanístico no caminho da evolução.
A ciência, no fim,
triunfará, pois é nela que encontramos o caminho para salvar vidas e que levará
a humanidade a dias melhores.