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quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

COLUNA PONTO DE VISTA COM O PROFESSOR MÁRIO DISNARD

 


A DESCONSTRUÇÃO DA VIOLÊNCIA NATURAL...

“O verdadeiro problema para nós, não consiste mais tanto em recusar a violência quanto em interrogar-nos sobre uma luta contra a violência que sem estiolar a não resistência ao mal, possa evitar a instituição da violência a partir desta luta mesma”

 

Para pensarmos em uma cultura de paz, temos que proceder, primeiramente, à desconstrução dos princípios que legitimam socialmente a violência. Essa desconstrução tem como objetivo retirar da violência dois aspectos considerados essenciais para sua legitimação: presumida naturalidade e a sua também suposta vinculação inextricável com o direito e a ordem social.

 

Os apelos para uma cultura da paz encontrarão sempre dificuldades na ambiguidade do espírito humano, constitutivamente paradoxal, que deseja o bem continua fazendo mal. Contudo a efetivação de dispositivos operadores de paz exige que pensemos os princípios filosóficos que tornam a violência algo natural e como consequência contribuem para legitimar a inevitabilidade de culturas violentas. Só após a desconstrução desses dispositivos de verdade, que legitimam socialmente a cultura da violência, poderá se pensar em noivas verdades sobre a cultura da paz.

 

A efetivação de uma cultura da paz será sempre um horizonte apelativo para a conduta humana e um limiar prescritivo para as sociedades. A paz, como todo ideal humano, sempre será algo por construir, embora nunca poderemos deixar de implementá-la. Como todos os valores e práticas humanos, a paz prescreve um modo ideal de vida., embora nossa condição histórica nunca permitirá que se realize na plenitude almejada.

 

Para finalizar, a própria racionalidade do capitalismo se legitima pelo discurso de que a natureza humana vive num estado de “guerra natural” em que o outro é sempre teu concorrente ou teu cliente, do outro tens que aprender a aproveitar-te ou vencê-lo. O outro é teu inimigo natural, com o qual vais concorrer, mais cedo ou mais tarde, por um lugar social e só o mais forte vencerá. A consequência natural destas premissas afirma que os excluídos são o resultado natural de sua incompetência. A violência se legitima, assim, como o elo invisível que articula a lógica das relações do mercado e dos Estados. Enquanto persistir o poder destas verdades, e seus discursos sejam hegemônicos, todas as tentativas de efetivar uma cultura da paz só serão adendos postiços de boas intenções no marco de uma cultura que cultura a violência como valor natural dos mais fortes.