Seis anos, um mês e um dia
depois do assassinato de menina Beatriz
Angélica Mota, de 7 anos, o caso teve um desfecho. O suspeito de desferir
42 facadas na garota, dentro de um colégio particular de Petrolina, no Sertão,
foi identificado pela Polícia Científica de Pernambuco e confessou o
assassinato.
O DNA encontrado na faca,
segundo o laudo pericial, é de Marcelo
da Silva de 40 anos, que está preso por outros crimes. Nesta terça (11),
após ser ouvido por delegados, ele foi indiciado.
Em dezembro de 2021, os pais
da criança percorreram a pé mais de 700 quilômetros, entre Petrolina e o
Recife, para pedir justiça.
O ato durou 23 dias e contou
com apoio de autoridades municipais e dos moradores das cidades por onde eles
passaram.
Laudo pericial
A TV Globo teve
acesso exclusivo ao laudo final do Caso Beatriz. Concluído na segunda (10), o
documento foi enviado, nesta terça (11), para a Secretaria Estadual de Defesa
Social (SDS) e ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
O documento da perícia
técnica não esclarece a motivação do crime. Também não informa quais outros
crimes são atribuídos ao homem que está preso.
A peça-chave para o
esclarecimento do caso foi a faca usada pelo criminoso Marcelo da Silva, que
está preso em Salgueiro, também no Sertão pernambucano.
Os peritos coletaram o DNA
no cabo da arma, deixada no local do homicídio. A partir da análise, foi
possível comparar com o perfil do assassino. O DNA dele fazia parte do Banco
Estadual de Perfis Genéticos.
Segundo informações obtidas
com pela TV Globo, o DNA da faca foi comparado com o material genético de
125 pessoas, consideradas suspeitas.
Todas essas amostras foram
coletadas pelos peritos pernambucanos do Instituto de Genética Forense Eduardo
Campos, desde 2015.
E foi justamente o Banco de
Perfis Genéticos que revelou que entre esses suspeitos estava o assassino de
Beatriz Angélica, que já está preso por outros crimes.
O laudo mostra, ainda, que o
perfil genético obtido a partir da amostra é compatível com o DNA da menina e
do suspeito.
Notas
Por meio de nota, a
Secretaria de Defesa Social afirmou que, ao ser ouvido pelos delegados da Força
Tarefa, Marcelo da Silva confessou o assassinato e foi indiciado.
O MPPE informou que já
"adotou providências para garantir a segurança do preso, bem como já
requisitou perícias complementares à Polícia Científica", mas não entrou
em detalhes sobre quais providências foram.
Crime
Beatriz Angélica Mota estava
em uma festa no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, com os pais, festejando a
formatura da irmã. Cerca de 2 mil pessoas estavam na unidade de ensino no dia
do evento.
O pai dela era professor de
inglês da instituição. A última imagem que a polícia tem de Beatriz foi
registrada às 21h59 daquele dia. Ela se afasta da mãe e vai até o bebedouro do
colégio, localizado na parte inferior da quadra.
O corpo de garota foi
encontrado em um depósito de material esportivo desativado, perto da quadra
onde ocorria a solenidade.
A menina tinha ferimentos no
tórax, membros superiores e inferiores. A faca usada no crime, de tipo
peixeira, foi encontrada cravada na região do abdômen da criança.
No dia seguinte, a faca foi
tirada de Petrolina e entregue ao Instituto de genética Forense, no
Recife. A imagem de uma câmera de segurança mostrando um possível suspeito
chegou a circular, mas a polícia não conseguiu identificá-lo.
Investigação
Depois de passar por oito
delegados deferentes, a investigação ficou com uma Força-Tarefa formada por
quatro profissionais que passaram a comandar as apurações.
Durante a caminhada de
mais de 700 quilômetros pedindo por justiça, em dezembro de 2021, a mãe de
Beatriz afirmava sempre que “a polícia tinha sabotado o inquérito”. Segundo
Lúcia Mota, “os assassinos estavam sendo protegidos pela polícia”.
Após a caminhada, os pais da
menina se reuniram com o governador Paulo Câmara (PSB), no Palácio das
Princesas, sede do governo. O governador afirmou que era favorável ao processo
de federalização das investigações.
No mesmo dia, o chefe do
Executivo estadual anunciou a demissão do perito Diego Costa, que prestou
consultoria ao colégio onde a menina foi morta.
Diante da demissão, a
Associação de Polícia Científica afirmou que “estava atenta a todos os
desdobramentos do caso, para adotar todas as providências voltadas para a
defesa dos interesses do perito criminal Diego e de toda categoria”.
No encontro com os pais da
menina, no dia da chegada da caminhada ao Recife, o secretário de Defesa
Social, Humberto Freire, reconheceu que “houve dificuldades em momentos da
investigação”.
Freire disse também, no dia
do encontro, que imagens de câmeras de segurança que tinham sido apagadas foram
recuperadas. Um inquérito foi aberto para identificar se foi “uma falha de
manuseio” ou intencional.
Nesta ocasião, o Colégio
Nossa Senhora Auxiliadora informou que as imagens divulgadas integram o
inquérito policial e que as pessoas que aparecem nelas não fazem parte da
instituição.
A instituição de ensino
afirmou, ainda, que “não houve manipulação ou exclusão de imagens das câmeras”.
Procurado pela TV Globo para
comentar os problemas na investigação, o presidente da Ordem dos Advogados do
Brasil em Pernambuco (OAB-PE), Bruno Baptista, afirmou que “falhas ocorreram
principalmente no início do inquérito”.
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Fonte TV Globo.