De Olhos Bem Fechados
Feito pra gente assistir de
olhos bem abertos
Hoje vamos falar do último
filme de um dos maiores e mais influentes cineastas do cinema, Stanley Kubrick.
Sem dúvida uma obra que tive o imenso prazer de assistir recentemente e ficar
deslumbrada com uma história bem narrada, onde fala sem pudor algum de sexo,
sonhos, fantasias, desejos e traição.
Roteiro baseado na obra
Breve Romance de Sonho (Traumnovelle), do austríaco Arthur Schnitzler, passamos
a conhecer o casal Bill ( Tom Cruise) e Alice (Nicole Kidman), jovens e belos,
numa relação aparentemente satisfatória pra ambos. As primeiras cenas do filme,
explora bem características pessoais, quando eles estão em ambientes privados,
como também em festas, dando destaque nos momentos em que são assediados e
desejados sexualmente por outros quando não estão juntos. Embora ambos
demonstrem gostar das cantadas e do jogo da sedução, nenhum se deixa levar pela
promessa de prazeres de uma noite só, apesar de lá no íntimo se sentirem
tentados a se deixarem levar pela ocasião que provavelmente acabaria em sexo
casual. A coisa muda quando Bill revela pra Alice não sentir ciúmes dela porque
confia na sua capacidade de se manter fiel. Ofendida pelo excesso de segurança
dele, ela decide quebrar um pouco o ego e o deixar inseguro, admitindo ter
fantasias sexuais com um homem que conheceu ao acaso, daí Bill, fica obcecado
com a ideia de ser traído, resolve buscar uma forma de se vingar da ousadia
dela. E nesta busca pra ser infiel, ele começa a trilhar um caminho que o faz
conhecer prostitutas, como também descobrir uma sociedade secreta, voltada
somente pra práticas sexuais em grupo. Ao fazer de tudo pra comparecer a um dos
encontros na sociedade, ele acaba percebendo que se envolveu mais do que
deveria.
Sem dúvida alguma, é um
filme que conduz o espectador só pela agonia do protagonista, que agora precisa
controlar o seu sentir pra não perder a razão entre sonhos e visões. É
torturante e também gostoso ver como Stanley Kubrick aproveita todo potencial
do elenco pra primeiro fazer a mais bela construção da relação de ambos, embora
com muito sexo e satisfação, mas aparentemente fundamentada na certeza de uma
convivência moldada pela segurança que só se era permitido sentir desejo um
pelo outro, pra logo depois fazer quase que instantaneamente a desconstrução
desta suposta segurança, adentrando agora no campo das emoções e desejos
sexuais jamais admitidos abertamente.
O que nos enche os olhos e
nos faz ficar com eles bem abertos, além da perfeita atuação de Nicole Kidman e
do Tom Cruise, é o visual de todas as cenas, na prática, são bem iluminadas,
com com cores marcantes que ajudam no tom certo pra cada ocasião, compondo a
ideia de tudo não passa de um sonho. Esta construção, ajuda a dar vida aos
sentimentos dos personagens. Dormindo ou acordados, querendo ou não, os sonhos
tem um poder gigantesco de os afetar e os realizar. Tudo exposto foi claramente
pensado pra deixar o espectador mais e mais envolvido com a nova jornada de
Bill.
Seja lá o que for, é
impossível controlar a curiosidade pra saber qual será o próximo passo de Bill
e até onde aquilo tudo o vai levar. Suspense, medo e expectativa são os
sentimentos mais explorados em todo o contexto do filme. Aqui vale
destacar também a qualidade dos diálogos, todos sutis, precisos e
carregados da mais perfeita dose de mistério. E quando o espectador
espera impacientemente pela revelação do que de fato vai acontecer ou
aconteceu, a resposta é a mesma pra todas as ocasiões, pode ou aconteceu tudo
ou não aconteceu nada.
O destaque principal vai pra
sequência de cenas passadas na sociedade secreta, onde muitos estão se preparando
pra se entregarem aos prazeres de uma orgia. São grandiosas nos planos, nas
coreografias do elenco, nos movimentos de câmera e na postura do protagonista,
que nos permite ver tudo que se passa sobre vários ângulos e claro pela
marcante música macabra que casa perfeitamente com tudo exposto. Figurinos
impactantes e claro, a escolha das máscaras que transmitem a ideia de
anonimato, de liberdade, suspense e medo. Assim como Bill, não tem como o
espectador não adentrar a fundo no que se passa ali, e neste ponto a gente
também concorda com ele, que a curiosidade é maior que os avisos de perigo. De
Olhos Bem Fechados, nos entrega um fim tão surpreendente como seu começo.
Enigmático e recheado de perguntas que terão várias resposta, muitas distintas,
mas todas capazes de serem respondidas por qualquer um que o assistir.
Será um passeio fantástico pelos
FILMES CLÁSSICOS DO CINEMA NACIONAL, com os convidados Adilson Silva,
Edvaldo Santos e Luciano Torres. E tem muito mais, no CLUBE DO FILME.
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